Mostra individual do artista Sidney Amaral está em exposição no Sesc Belenzinho
Na última sexta-feira por iniciativa da Secretaria de Cultura de Mairiporã uma caravana de admiradores dos trabalhos do artista Sidney Amaral se mobilizaram para prestigiar sua mostra que está sendo exposta no Sesc Belenzinho até o dia 26 de fevereiro de 2023.
Versatilidade artística e experiência cotidiana se encontram, a partir da perspectiva de uma subjetividade negra, na exposição “Viver até o fim o que me cabe!” – Sidney Amaral: aproximação, fruto da curadoria de Claudinei Roberto da Silva, promove e ampliar o diálogo do público com o trabalho de Sidney Amaral (1973 – 2017), artista contemporâneo que faleceu de forma precoce, mas deixou um legado que alarga a reflexão da diáspora africana.
Por meio de técnicas e materiais variados – como desenhos a grafite, pinturas com acrílica, aquarelas e esculturas –, Sidney aponta para a aspereza de uma sociedade marcada pelo trauma da escravidão, do genocídio das populações negras e do racismo estrutural. Seu amplo repertório plástico é estratégico para a proposição de tensões, como se observa em O pão nosso (2014), escultura feita de bronze que conjuga o pesado e o leve, a banalidade e a nobreza.
Um dos caminhos bastante explorados pelo artista é o do autorretrato, que, em seu projeto, aciona uma identificação simbólica com os interlocutores negros, tradicionalmente sub-representados nas artes e historicamente pintados em posição subalterna, como se observa na produção do século XIX. Ao colocar o próprio corpo no centro de suas investigações – um corpo negro –, o artista faz frente à violência racial que assombra o país e disputa um espaço que foi negado também no sistema de arte aos escravizados e seus descendentes.
O corpo se apresenta ainda a partir de seus fragmentos. Na série de desenhos a grafite intitulada Mãos (2009), Sidney representa o manuseio de pequenos objetos que remetem a um conjunto de habilidades e vivências, proporcionando um link entre a parte, uma espécie de close, e o todo, o contexto do qual esse close deriva.
Sobre o modo como o compromisso crítico se alia ao estético, o curador Claudinei Roberto da Silva comenta: “Sidney Amaral não esteve alheio às urgentes demandas do nosso tempo nem se omitiu diante dos problemas que mais diretamente afetam as ‘maiorias minorizadas’ do Brasil, notadamente negras e negros assediados pelo histórico e estrutural racismo, porém o grau de engajamento do artista com essas questões prementes não ofuscou ou tornou secundário seu compromisso com a arte à qual se dedicou com afinco durante sua curta existência”.
A exposição, composta de 74 obras, traz também alguns estudos e cadernos de desenho que possibilitam entrever o processo de criação do paulistano. Com o objetivo de estreitar a vinculação entre os visitantes e o trabalho desse artista, a expografia optou por uma distribuição com bom espaçamento entre as obras, para que o público tenha intervalos de respiro e reflexão diante da potência de Sidney Amaral.
Fonte: Sesc Belenzinho